segunda-feira, outubro 30, 2006

JORNAL DA TARDE – 27 de Maio de 1971
Título: Você já pode encomendar seu Volks 72
Subtítulo: A Volkswagem tem cinco modelos 1972 à sua escolha: os sedans 1.300 e 1.500, a Variant, o 1.600 TL e o novo TL de quatro portas. Você já poderá comprá-los em junho.

A Volkswagem do Brasil anuncia seus planos e suas novidades. Um dos planos: ampliar as instalações da fábrica, para que a produção diária possa chegar a 3.000 unidades até 1980. As novidades: os modelos 1972 estarão à venda no mês que vem, logo depois de sua apresentação aos revendedores. Dessa linha, a grande novidade é o 1.600 TL de quatro portas. mas os outros carros do tipo 1.600 TL – o TL e a Variant também vão mostrar algumas novidades. O que há de novo no TL e na Variant? Assim como o novo TL, eles estão com a parte dianteira um pouco modificada. (O capô do porta-malas, por exemplo, tem agora uma forma mais aerodinâmica). Só dois carros da Volkswagen não vão mudar para 1972: os sedans 1.300 e 1.5000. Mas um novo modelo com lançamento previsto para o princípio do ano que vem, poderá estar à venda ainda este ano: um carro esporte, com carroçaria do tipo italiano, que corre à 160 km/h

Só os dois sedans não mudaram
Os modelos da Volkswagen estão correndo na pista de testes da fábrica. Mas você não terá de esperar pelo ano que vêm para conhecê-los: toda a linha vai ser apresentada aos revendedores no dia 21 de junho e imediatamente lançada no mercado. Você vai ver, então, que os automóveis da linha 1.600 receberam algumas modificações na parte dianteira, e que a eles foi incorporado um novo modelo: o 1.600 TL quatro portas. E é possível que você conheça, até o fim do ano, o carro esporte que a Volkswagen preparou para 1972.

Com o lançamento antecipado de tôda a sua linha, a fábrica espera superar o recorde de produção mensal – 25.000 unidades – estabelecido em abril, para chegar, em dezembro, ao total anual de 300.000 veículos. Para Werner Schimidt, presidente da empresa desde março deste ano, esse esforço vai marcar o começo de uma nova fase da história da Volkswagen do Brasil.

Os sedans 1.300 e 1.500 não receberam modificações para 1972. Mas a parte dianteira dos carros da linha 1.600 – o TL e a Variant – está um pouco diferente em relação à do modelo de 1972: o capô do porta-malas é mais aerodinâmico; os faróis são duplos, com fundo pintado em cor que contrasta coma do automóvel: e o pára-choques tem lanternas de sinalização colocadas bem na curva que envolve o pára-lamas. O TL 1.600 de quatro portas tem as mesmas características desses dois carros.

Enquanto prepara o lançamento da linha 1972, a Volkswagem anuncia seus planos. O mais importante deles, pata Werner Schimidt, é ampliar em % as instalações da fábrica, através do investimento, já previsto, de 765 milhões de cruzeiros. Várias alas novas estão projetadas; uma delas, que servirá para a montagem final dos carros, está sendo construída. A ala 13, destruída no incêndio de 18 de dezembro, voltará a funcionar a partir de julho; com isso, a empresa poderá aumentar a sua produção, que atualmente é de 1.290 veículos por dia, e atingir 3.000 unidades até 1980.

Mas a fábrica está interessada também, em exportar para outros países da América Latina. No ano passado, o México e a Argentina compraram peças de reposição. Este ano, 264 kombis desmontadas foram exportadas para o Peru e 22 ambulâncias para o Chile. Werner Schimidt quer ampliar o mercado, mas reconhece que há alguns problemas. O mais sério deles é a exigência de quase todos os países que querem que o Brasil também lhes compre autopeças.
- Os governos do Uruguai e da Venezuela, por exemplo, exigem que compremos suas autopeças se quisermos vender-lhes os nossos produtos. Para a Argentina e o Chile, dificilmente conseguiremos exportar carros ou peças, porque o parque automobilístico desses países é muito grande.

A Volkswagen do Brasil já é a maior empresa automobilística da América do Sul. Suas instalações cobrem uma área de 449.300 m². A ala 5, para montagem final, mais de 80.000 m² e a de prensa será ampliada em 27.600 m².

- Atualmente – diz Werner Schimidt -, quem observa as instalações da fábrica, com as transportadoras indo e voltando, fazendo praticamente o mesmo caminho, julga que a fábrica não foi esquematizada. Mas ela foi planejada para funcionar assim mesmo, enquanto as obras complementares não forem concluídas. Quando isso acontecer, será uma fábrica quase perfeita, com todos os setores convergindo para um mesmo objetivo, o da linha final de produção.

Um dos anseios da Volkswagen é fazer uso do anel ferroviário, que nos próximos dois anos passará junto à fábrica, cortando a Via Anchieta. O presidente Werner Schimidt afirmou que a Volkswagen já manteve entendimentos com o secretário dos Transportes, quando seus diretores procuraram mostrar que o anel, servindo tanto para a entrada de materiais quanto para a saída de veículos, representará um desafogo muito grande no trânsito de caminhões pela cidade.

No mês de março, a Volkswagen completou 18 anos de atividades no Brasil. Começou com um capital de 60 milhões de cruzeiros, e operava em instalações alugadas no bairro do Ipiranga. Inicialmente, dedicou-se à montagem de sedans e kombis. Entre 1953 e 1967, foram montados 2.820 veículos, dos quais 2.268 foram automóveis.

Em fins de 1965, a Volkswagen iniciou a construção de sua fábrica na Via Anchieta; e, em setembro de 57, num prédio com 10.200 metros quadrados, começou a produzir as primeiras kombis nacionais. No dia 7 de janeiro de 1959, quando já rodavam pelo Brasil 5.000 kombis nacionais, surgiu o primeiro sedan.
Dos 370 carros que produziu em 1957, a Volkswagen chegou ao seu recorde no final de 1969: 176.266 unidades (média de 798 por dia). No ano passado, saíram de sua linha de montagem 233.011 carros, média de 1.279 por dia. E até o final deste ano, a Volkswagen espera atingir o recorde de 300.000 unidades.

Box: O carro esporte que a Volks vai lançar
Uma das novidades anunciadas pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Werner Schimidt: o carro esporte que a fábrica poderá lançar até o fim do ano. Tem motor de 1.700 cm³ de cilindrada, potencia de 72 HP, e pode correr a uma velocidade aproximada de 160 quilômetros por hora. Este carro, que já está sendo testado na fábrica 2 da Volkswagen (antiga Vemag), tem rodas de magnésio e decoração interna bem sofisticada. A carroceria é do tipo italiano.

O ESTADO DE S. PAULO – 18 de março de 1971
Volks” lançará 3 novos modelos
Acabou o segredo da Volkswagen. Ontem o presidente da empresa Rudolf Leidin, divulgou o próximo lançamento de três novos modelos de automóveis a serem produzidos por aquela indústria: um 1.600 “TL”, com 4 portas, que substituirá o atual 1.600, uma “Variant” com alterações no desenho da carroçaria e um carro-esporte que se enquadra na categoria do “Puma” e do “Karman-Ghia”, inteiramente projetado pelos técnicos de São Bernardo do Campo.

O modelo esporte, de acordo com o presidente da Volkswagen, deverá exceder as expectativas com que os especialistas e aficionados aguardam a exposição do protótipo, que deverá ocorrer no recinto da “Feira da Indústria Alemã”, a realizar-se a partir do dia 23 próximo, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera.
O protótipo será equipado com um motor Volkswagen 1.600, que já é usado em alguns dos atuais modelos produzidos em série, pois a fábrica ainda não terminou os testes que está fazendo com um motor mais potente, de 1.7000 cilindradas cúbicas, que desenvolverá cerca de 64 HP SAE.

A produção do modelo-esporte, em escala indústria, deverá ser iniciada durante o primeiro semestre de 1972, com a média diária de 30 veículos, aumentando logo em seguida para 50 veículos por ida, processando-se um aumento paralelo à procura no mercado consumidor. Seu preço – posto em São Paulo – de acordo com Rudolf Leiding, deverá ser um pouco superior ao do “Karman-Ghia TC”, sabendo-se que este está sendo vendido mais ou menos a Cr$ 22.000,00.

CONCORRÊNCIA
Por se tratar de um modelo-esporte, semelhante ao “Puma” e ao “Karman-Ghia”, surgiram comentários quanto à concorrência que a Volkswagen fará às indústrias que utilizam componentes mecânicos por ela produzidos, na montagem de seus produtos.

“A intenção não é acabar com a “Puma” ou com a “Karman-Ghia”, disse o presidente da Volkswagen, depois de afirmar que a empresa continuará a fornecer às demais os componentes – motor, câmbio, diferencial, chassis e outras peças – normalmente, pois considera “esse tipo de composição normal e registrado em qualquer parte do mundo”.

Um dos principais objetivos da produção do novo modelo: a exportação para conquista de um mercado já explorado pela “Puma”.

OUTROS MODELOS
Enquanto estabelece planos para a produção do modelo-esporte a partir de 1972, a Volkswagen começa a lançar no mercado consumidor a nova “Variant”, com alterações no desenho da carroçaria. Esse tipo de veículo também será exposto no recinto da Feira da Indústria Alemã.

Rudolf Leiding não adiantou pormenores dessa alteração, mas apresentou em linhas gerais o novo modelo “1.600 TL” com quatro portas, que substituirá o atual 1.600, este não muito bem aceito pelo público e cuja produção está praticamente suspensa desde o incêndio que afetou a ala 13 das instalações de São Bernardo do Campo.

Basicamente, o novo modelo “1.600 TL” é igual ao atual, tendo como diferença o adicionamento de mais duas portas situadas na parte lateral traseira. As duas portas laterais dianteiras serão estreitadas, para dar espaço à colocação das traseiras. A traseira da carroçaria continuará com as linhas “fast back” e o motor com ventoinha horizontal e dois carburadores.

NOVA FILOSOFIA
O lançamento antecipado de novos modelos da Volkswagen causou estranheza em fins do ano passado. Normalmente a indústria automobilística aguarda o início do ano, ou o “Salão do Automóvel” para divulgar as inovações de sua linha.
Tal prática objetiva o impacto sobre o consumidor e, de acordo com a filosofia corrente dos produtores, evita o retraimento do mercado em relação aos modelos em fim de produção.

Para Rudolf Leiding, a antecipação da produção de um novo modelo, ou mesmo a decisão da empresa de lançá-lo a curto prazo, não afeta o mercado, pelo menos da Volkswagen, que já tem um público garantido. Como prova ele cita a reação observada logo após o incêndio da ala 13, quando muitos esperavam um retraimento nas vendas dos vários modelos, ou a alteração da cotação comercial. Isso não ocorreu, de acordo com o presidente da empresa, “porque o público confia na Volkswagen e acredita nos seus propósitos”.

ALA 13 E PRODUÇÃO
Os escombros da ala 13 já foram removidos e a nova estrutura do prédio está quase totalmente assentada. A Volkswagen está aguardando as novas instalações para pintura eletroforetica, que deverão chegar da Alemanha em junho, quando será retomado o ritmo normal de produção dos veículos.
No momento, a produção ultrapassa mil unidades diárias, devendo chegar a 1.200 veículos por dia até abril. Tal índice era o normal, antes do incêndio. De acordo com os dirigentes da empresa, até o fim do ano será registrado outro recorde 300 mil carros por ano. Para tanto, será efetuado um investimento da ordem de 150 milhões de dólares durante este ano.

Também contrariando expectativas, a Volkswagen não despediu nenhum funcionário em conseqüência do incêndio. Pelo contrário: mil novos funcionários foram admitidos desde então.

PRESIDENTE SAIRÁ
Rudolf Leiding deixará o Brasil e, conseqüentemente, a presidência da Volkswagen brasileira, depois de 3 anos no cargo. Ele veio da Alemanha para substituir Frederic Wilhelm Schultz-Wenkell, recentemente falecido.
Agora Leiding foi promovido a presidente da Audi NSU A.G., empresa ligada à Volkswagen Internacional, com sede na Alemanha. Seu substituto será Werner P. Schimidt, que assumirá o cargo no dia 22, na presença de Kurt Lotz, presidente-geral da empresa, que virá a São Paulo como titular da comissão de industriais que visitará a “Feira da Indústria Alemã”.

JORNAL DA TARDE – 13 – 8 – 1970
Título:Você está convidado a passear nos novos Volks
Subtítulo: Depois deste passeio, escolha o novo Karman-Ghia, o TL ou o Fuscão

Chamada: O Karmann Ghia TC tem as características dos carros esportivos: maior desempenho e acabamento melhor. O TL tem as qualidades da Volkswagen, motor 1.600 e é um carro grande. O Fuscão mantém basicamente as linhas do Sedan, mas tem motor 1.500. O repórter Luis Carlos Secco passeou nos três carros e mostra, aqui, com fotos de Oswaldo L. Palermo, as vantagens e desvantagens de cada um.

NUM TC, A 142 POR HORA
O excelente desempenho, o melhor motor que a Volks já produziu. São algumas das vantagens do novo Karmann Ghia. Mas faltam-lhe algumas características dos carros esporte. Custará Cr$ 20.650,00.

Quem comprar o Karmann Ghia TC ou o Volks 1600 TL estará comprando um carro que tem o melhor motor da Volkswagen: o 1.600 de dupla carburação, já aprovado nas peruas Variant. Com esse motor, o Karmann Ghia TC e o Volks 1600 TL apresentam quase o mesmo desempenho. Há só uma pequena diferença: enquanto o 1600 TL aproxima-se bastante dos 140 quilômetros por hora, o Karmann Ghia TC, graças a sua melhor aerodinâmica, supera os 142 quilômetros por hora.

Nos dois veículos, a caixa de mudanças é bastante conhecida; tem as mesmas características dos modelos anteriores. Mas no Karmann Ghia TC, o escalonamento entre a terceira e q quarta marchas é um pouco aberto. Por ser um carro esportivo, deveria ter uma relação mais aproximada entre essas marchas.

A direção também conserva as características dos modelos anteriores. Fácil de manobrar, com razoável precisão nas respostas em alta velocidade e com correções suaves da tendência sobreesterçante. No caso do Karmann Ghia TC seria ideal o uso de um volante com diâmetro menor e acolchoado, para os motoristas mais exigentes.

A suspensão do Karmann Ghia absorve os efeitos das irregularidades das estradas e calçamentos. Talvez o uso de pneus radiais melhorasse ainda mais as condições de dirigir esse automóvel. Embora os pneus radiais sejam mais rígidos que os convencionais, a suspensão do Karmann Ghia TC pode permitir o seu uso, sem comprometer o conforto ou a suavidade de sua condução.

Os bancos dianteiros do Karmann Ghia estão sensivelmente melhorados, dando melhor apoio ao corpo. Os traseiros são ótimos, considerando-se que o modelo do carro é um 2 + 2. São pequenos bancos ideais para acomodar crianças e, com limitado conforto, duas pessoas adultas. A posição de guiar é boa, assim como a inclinação do volante de direção e a posição da alavanca de mudanças. Os pedais de comando são iguais aos que equipam mais de um milhão de proprietários Volks.

No comportamento em marcha – termo usado para substituir as expressões mais conhecidas, como tênue de route, handling ou tenuta de strada – o Karmann Ghia TC é sobreesterçante em curvas de alta velocidade, ou seja, a centrifuga atua mais sobre o eixo traseiro. Em curvas fechadas e forçando-se a velocidade, sente-se o recolhimento da roda traseira. Antes de ser um defeito, é uma característica desse sistema de suspensão traseira da Volkswagen, com barras de torção e barra compensadora auxiliar. Reage bem à interferência dos ventos laterais em estradas abertas. A sensibilidade do volante é boa. A aderência ao solo seria melhor com pneus radiais, mesmo sem alterações das talas ou do diâmetro das rodas.

Bons os freios. Resistem ao superaquecimento. Isso foi provado nos testes em descida de serra. Não apresentaram nenhum fenômeno de fading, termo usado para identificar a queda de eficiência, por utilização constante. O pedal é suave e não há necessidade de servo-freio.

Internamente, o Karmann Ghia TC é bem acabado, em preto. Mas no painel há falta de instrumentos para um veículo de características esportivas. Mesmo levando-se em consideração que o único instrumento integralizado dos modelos Volkswagen é bastante funcional, o painel de um carro esporte exige mais instrumentos sinalizadores. Além do console central, que caberia se houvesse remodelação total do painel e do interior do veículo. O tapete dianteiro é um pouco pobre, mas os estofamentos estão bem, com material de bom gosto e ventilados nos assentos.

Os trincos internos das portas são de qualidade inferior aos do modelo 1.600, superados inclusive em segurança. Os limpadores de pára-brisa ainda deveriam ser pintados de preto-fôsco.

Na parte traseira, o interior é muito bonito. A tampa do motor, que agora se abre dentro do veículo, tem vedação perfeita. Pouco se ouve o ruído do motor e não há nenhuma penetração de gases no interior do carro. O vigia traseiro, integrado à tampa do porta-malas, é basculante, atendendo à funcionalidade e concepção modernas. Este é o ponto alto do veículo, como novo modelo.

Externamente, sem apresentar um acabamento rico, há o cuidado com detalhes requintados, como lanternas dianteiras e traseiras, e a grade de ventilação do motor, em quatro pequenas unidades. Uma delas se abre, para medição, por vareta, do nível do óleo do motor.

Opinião de um piloto: aprovado.
Este é a opinião de Anísio Campos, piloto, estilista e construtor de veículos, um dos mais conceituados do Brasil, sobre o Karmann-Ghia TC:

A análise sobre o estilo, a crítica sobre as linhas de um automóvel é muito delicada e difícil. Primeiro, porque para analisar estilo, diversos aspectos devem ser considerados; e segundo, porque falar sobre as linhas e as formas, bonitas ou não, é algo muito pessoal.

Existe uma premissa: o estilo é concebido para uma finalidade. Pode-se criar um veículo somente para estudos, para exposições, para antecipação do futuro, como para colocação imediata no mercado, considerando-se sua faixa, seu preço, sua solicitação. Assim, não é justo fazer comparações absurdas de um carro com o outro, quando os fatores são diferentes.

O Karmann Ghia TC entra no mercado brasileiro com seus objetivos predeterminados. Existe para ele uma faixa de mercado. Seu custo teve de ser um, para que seu preço de venda fosse o desejado. Ele poderia ser mais bonito ou menos bonito. Aí entra o trabalho do Departamento de Estilo, que procura sempre agradar a maioria, sem querer enfrentar reações do público. Aí entra também o “gosto não se discute”.

O Karmann Ghia TC é uma reestilização cuidadosa do modelo anterior e, ao mesmo tempo, um outro modelo. Não apresenta nada de chocante e é bastante suave, procurando inteligentemente ser de agrado da maioria.

Numa análise mais profunda e pessoal, caberia alguma dúvida quanto à linha do pára-lama traseiro, que termina a zero na porta, junto ao trinco. Ali, ela me parece um pouco perdida, indefinida, imitando a linha do pára-lama dianteiro sem se saber por que, e cortando uma seqüência no sentido longitudinal. Mas nosso modelo do Karmann Ghia TC será apto ao sucesso: longe de ser uma criação e sem apresentar linhas revolucionárias, está bem dimensionado, harmonioso e, o que é mais importante, condizente com a apreciação do nosso mercado.

VOLKS, VELOCIDADE 1971
Estes dois novos modelos da Volks para 1971 – o Fuscão e o 1.600 TL – são mais rápidos, seguros e confortáveis. O TL faz 140 quilômetros, o Fuscão 127.

Os novos modelos do sedan e do cupê Volkswagen vão lhe dar mais velocidade, mais conforto e mais segurança. O Fuscão, como será conhecido o sedan Volkswagen com motor 1.500 será vendido a Cr$ 13.186,00 e poderá alcançar até 126 quilômetros, nove a mais que o modelo 1970. Nas curvas, ele é muito mais seguro que os modelos anteriores, por causa das características de sua carroceria e das bitolas mais largas. Um novo desenho dos bancos aumenta o conforto de quem dirige.

O Volks 1.600 TL, cupê que vai custar 16.950,00, terá freios a disco, que vai lhe dar maior segurança nas freadas, motor 1.600 com turbina horizontal, que lhe permitirá alcançar até 140 quilômetros por hora e uma barra compensadora na traseira – para funcionar como estabilizador nas curvas em alta velocidade. Seus bancos são mais confortáveis.

No Fuscão, os bancos de novo desenho, anatômicos e reguláveis no encosto, melhoraram bastante, em relação ao modelo 1.300, proporcionando mais conforto ao motorista e acompanhante. A distância entre os bancos dianteiros e o traseiro foi mantida e não se constitui um problema para pessoas de estatura média. No TL 1.600 TL, os bancos são mais confortáveis ainda, com um acabamento superior e revestimento em plástico que imita couro. A distância entre os bancos dianteiros, que além de reguláveis, são também reclináveis é, praticamente, a mesma em relação ao sedan. Mas, atrás do banco traseiro, pelo estilo fast-back e pela instalação do motor com turbina horizontal, o 1.600 TL apresenta um porta malas de boas dimensões, que é um dos seus pontos altos.

A posição de guiar é muito boa no Fuscão e mais agradável ainda no 1.600 TL. O painel do Fuscão é o mesmo do 1.300, mas ganhou um revestimento de plástico, imitando o jacarandá, de mau gosto e mau acabamento. Em alguns carros, a colocação do plástico não recebeu os cuidados necessários, apresentando dobras imperdoáveis, no encaixe sob a borracha do pára-brisa.

O motor 1.500 do Fuscão, com a turbina vertical, nada mais é que a troca de kit – camisas, pistões e anéis – e proporcionou ao carro um desempenho muito mais eficiente. Principalmente nas acelerações, para ultrapassagens mais seguras. A velocidade máxima aumentou razoavelmente, passou de 117 para 126 quilômetros por hora. Com esse motor, equipado com um carburador central, alimentando os quatro cilindros, o carro ganhou comportamento mais esportivo, por um preço econômico. Agora, para os que desejam um carro mais rápido ainda, será preciso muito pouco: um sistema de dupla carburação, instalação de um comando de válvulas, com diagrama mais acentuado, e a redução de peso no volante, serão modificações de preço mais acessíveis que a antiga transformação do 1.300 para 1.500.

O motor do 1.600, com a turbina horizontal, dá ao TL um comportamento bem acentuado, com seus 140 quilômetros por hora. É um carro que deverá agradar bastante, pela rápida aceleração, e pelo seu comportamento em marcha, com pouca influência dos ventos laterais.

A suspensão no Fuscão é um pouco mais rígida que no 1.600 TL, mantendo as mesmas características do sedan 1.300, embora absorva melhor os efeitos das irregularidades do caminho. Mas os dois apresentam o mesmo sistema de suspensão, independente nas quatro rodas, com barras de torção e amortecedores telescópicos.

A modificação nas bitolas, agora mais largas, proporcionou maior segurança ao automóvel. Ambos têm características sobre-esterçantes (sair de traseira) acentuadas, mas a cambagem das rodas, estando agora em posição negativa, ajudam bastante o comportamento do automóvel, principalmente em curvas de alta velocidade.

O ponto de desgarramento do eixo traseiro em curvas, foi retardado, melhorando bastante a estabilidade e tornando os carros quase neutros, em curvas de baixa velocidade.

Para melhorar ainda mais a estabilidade, foi colocado, na traseira, uma barra compensadora. Essa barra só funciona nos casos de fortes oscilações da suspensão e tem um efeito progressivo de amortecimento. Ela atua, também, como auxiliar das barras de torção, reforçando a suspensão. E, além disso, a barra compensadora, em curvas, passa a funcionar como estabilizador.

Pelas mesmas características, o 1.600 TL é um automóvel seguro e, embora apresente também a tendência sobre-esterçantes, - desgarra com a parte traseira – mesmo em curvas feitas no seu limite de velocidade, é fácil a correção dessa tendência, com leves manobras no volante.

Baseando-se nos resultados apresentados no teste da perua Variant, para um automóvel de características semelhantes, conclui-se que o Volks 1.600 TL é um veículo econômico, pela inclusão de dois carburadores laterais, que dividem a função de alimentar os quatro cilindros; de velocidade razoável e seguro nas freadas. A 80 quilômetros por hora pode fazer 12,5 quilômetros e a 120, a média de 8,5 quilômetros por litro. Pode atingir até cem quilômetros por hora em 20 segundos e, sua velocidade máxima superior a 135 quilômetros por hora. Quanto aos freios, também em relação à Variant, a média de 5m56 para parar a 40 quilômetros por hora;16m21, à velocidade de 60;30m15 à velocidade de 80 e 49m85 quando o carro estiver a 100. Seus freios a disco, nas rodas dianteiras, são bastante eficientes.

No Fuscão, pela maior velocidade que o carro pode atingir em relação ao 1.300 sedan seria aconselhável a instalação de freios a disco nas rodas dianteiras, normalmente mais eficientes. Isso custará apenas Cr$ 140,00 e dará ainda mais segurança a esse carro. Quanto ao consumo, não se assuste com o motor 1.500 cm³ de cilindrada. Ele gasta praticamente o mesmo que o convencional modelo 1.300.