segunda-feira, outubro 30, 2006

O ESTADO DE S. PAULO – 18 de março de 1971
Volks” lançará 3 novos modelos
Acabou o segredo da Volkswagen. Ontem o presidente da empresa Rudolf Leidin, divulgou o próximo lançamento de três novos modelos de automóveis a serem produzidos por aquela indústria: um 1.600 “TL”, com 4 portas, que substituirá o atual 1.600, uma “Variant” com alterações no desenho da carroçaria e um carro-esporte que se enquadra na categoria do “Puma” e do “Karman-Ghia”, inteiramente projetado pelos técnicos de São Bernardo do Campo.

O modelo esporte, de acordo com o presidente da Volkswagen, deverá exceder as expectativas com que os especialistas e aficionados aguardam a exposição do protótipo, que deverá ocorrer no recinto da “Feira da Indústria Alemã”, a realizar-se a partir do dia 23 próximo, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera.
O protótipo será equipado com um motor Volkswagen 1.600, que já é usado em alguns dos atuais modelos produzidos em série, pois a fábrica ainda não terminou os testes que está fazendo com um motor mais potente, de 1.7000 cilindradas cúbicas, que desenvolverá cerca de 64 HP SAE.

A produção do modelo-esporte, em escala indústria, deverá ser iniciada durante o primeiro semestre de 1972, com a média diária de 30 veículos, aumentando logo em seguida para 50 veículos por ida, processando-se um aumento paralelo à procura no mercado consumidor. Seu preço – posto em São Paulo – de acordo com Rudolf Leiding, deverá ser um pouco superior ao do “Karman-Ghia TC”, sabendo-se que este está sendo vendido mais ou menos a Cr$ 22.000,00.

CONCORRÊNCIA
Por se tratar de um modelo-esporte, semelhante ao “Puma” e ao “Karman-Ghia”, surgiram comentários quanto à concorrência que a Volkswagen fará às indústrias que utilizam componentes mecânicos por ela produzidos, na montagem de seus produtos.

“A intenção não é acabar com a “Puma” ou com a “Karman-Ghia”, disse o presidente da Volkswagen, depois de afirmar que a empresa continuará a fornecer às demais os componentes – motor, câmbio, diferencial, chassis e outras peças – normalmente, pois considera “esse tipo de composição normal e registrado em qualquer parte do mundo”.

Um dos principais objetivos da produção do novo modelo: a exportação para conquista de um mercado já explorado pela “Puma”.

OUTROS MODELOS
Enquanto estabelece planos para a produção do modelo-esporte a partir de 1972, a Volkswagen começa a lançar no mercado consumidor a nova “Variant”, com alterações no desenho da carroçaria. Esse tipo de veículo também será exposto no recinto da Feira da Indústria Alemã.

Rudolf Leiding não adiantou pormenores dessa alteração, mas apresentou em linhas gerais o novo modelo “1.600 TL” com quatro portas, que substituirá o atual 1.600, este não muito bem aceito pelo público e cuja produção está praticamente suspensa desde o incêndio que afetou a ala 13 das instalações de São Bernardo do Campo.

Basicamente, o novo modelo “1.600 TL” é igual ao atual, tendo como diferença o adicionamento de mais duas portas situadas na parte lateral traseira. As duas portas laterais dianteiras serão estreitadas, para dar espaço à colocação das traseiras. A traseira da carroçaria continuará com as linhas “fast back” e o motor com ventoinha horizontal e dois carburadores.

NOVA FILOSOFIA
O lançamento antecipado de novos modelos da Volkswagen causou estranheza em fins do ano passado. Normalmente a indústria automobilística aguarda o início do ano, ou o “Salão do Automóvel” para divulgar as inovações de sua linha.
Tal prática objetiva o impacto sobre o consumidor e, de acordo com a filosofia corrente dos produtores, evita o retraimento do mercado em relação aos modelos em fim de produção.

Para Rudolf Leiding, a antecipação da produção de um novo modelo, ou mesmo a decisão da empresa de lançá-lo a curto prazo, não afeta o mercado, pelo menos da Volkswagen, que já tem um público garantido. Como prova ele cita a reação observada logo após o incêndio da ala 13, quando muitos esperavam um retraimento nas vendas dos vários modelos, ou a alteração da cotação comercial. Isso não ocorreu, de acordo com o presidente da empresa, “porque o público confia na Volkswagen e acredita nos seus propósitos”.

ALA 13 E PRODUÇÃO
Os escombros da ala 13 já foram removidos e a nova estrutura do prédio está quase totalmente assentada. A Volkswagen está aguardando as novas instalações para pintura eletroforetica, que deverão chegar da Alemanha em junho, quando será retomado o ritmo normal de produção dos veículos.
No momento, a produção ultrapassa mil unidades diárias, devendo chegar a 1.200 veículos por dia até abril. Tal índice era o normal, antes do incêndio. De acordo com os dirigentes da empresa, até o fim do ano será registrado outro recorde 300 mil carros por ano. Para tanto, será efetuado um investimento da ordem de 150 milhões de dólares durante este ano.

Também contrariando expectativas, a Volkswagen não despediu nenhum funcionário em conseqüência do incêndio. Pelo contrário: mil novos funcionários foram admitidos desde então.

PRESIDENTE SAIRÁ
Rudolf Leiding deixará o Brasil e, conseqüentemente, a presidência da Volkswagen brasileira, depois de 3 anos no cargo. Ele veio da Alemanha para substituir Frederic Wilhelm Schultz-Wenkell, recentemente falecido.
Agora Leiding foi promovido a presidente da Audi NSU A.G., empresa ligada à Volkswagen Internacional, com sede na Alemanha. Seu substituto será Werner P. Schimidt, que assumirá o cargo no dia 22, na presença de Kurt Lotz, presidente-geral da empresa, que virá a São Paulo como titular da comissão de industriais que visitará a “Feira da Indústria Alemã”.